Eu quero que você me veja nú.
Despido, despudorado, sem qualquer maquiagem relativa, visivel, tangível!
Eu sonho com isto.
Quero que me vejam nú! Antes porém gostaria que os juizos de valores fossem enterrados e os rótulos também.
Queria que alguém entrasse em mim e me sentisse, sentisse o turbilhão da minha cabeça que é confuso.
Nos passos que se seguem o meu coração é solitário, não há o que dizer e nem o que explicar, a solidão é contínua e nisso o que me resta é a simples e eterna contradição de uma fraude existencial.
Por vezes nem eu me entendo, queria saber o que é isso! Os rompantes de memória, os afagos, os espaços em branco, nem eu sei dizer o que quero da vida.
A minha alma grita no meio da sala, ninguém me ouve, ninguém me toca, a tristeza é minha companheira e saber o que fazer com ela é o meu dilema.
Ultimamente só uma coisa me trás de volta pro mundo: é quando chego em casa e beijo cansadamente e de mal humor a testa do meu sobrinho.
Ele não tem culpa, se quer entende a corrupção da vida e com certeza não sabe o efeito do seu cheiro no meu nariz. Isso acalma a fera.
Essa é a minha droga, a minha morfina.
Eu, nú, desprovido de qualquer defesa tal e qual meu sobrinho, ando só, vivo só e morro só sempre!
Ele mais salvo do que eu tem tudo pra nem em sonho ser cruel como o tio. Minha mãe não falhou, a mãe dele também não falhará, o problema sou eu.
Eu nú.
Nenhum comentário:
Postar um comentário