Eu decidí que tenho que correr, correr pra tentar pegar o que perdí.
Perdí algo que ainda não sei o que é mas que sinto falta. É como se eu tivesse perdido meus braços. Não consigo respirar como antes.
O tempo é estranho, eu vejo as antigas fotos e vejo o poder nele nas rugas de minha mãe.
É tudo tão repetitivo. É como se eu falasse algo e já soubesse o que minha mãe vai dizer, ela não inova.
Por isso não posso contraria-la, já sei o que ela aprova. Querer que ela mude é exagero, eu posso fazer isso, mudar.
O tempo cai e não se externa só nas rusgas, ele abate também o intelecto, a paciência. Minha mãe agora é uma criança, uma criança velha.
O tempo por dois lados: o de minha mãe, a paciência é escassa pelo fato dela ter sido forjada no Sol, esperar pelo o que nos dias de hoje? Ela já fez muito. Pelo meu lado, a paciência também é escassa porque não viví tanto, tenho direito de errar, ainda.
Mas a mim cabe direcionar tudo para que os dias de velhice dela sejam calmos, eu tenho que achar a tal paciência, o tempo é meu aliado.
Vamos convergir agora, minha mãe e eu. Inverte-se os papéis e agora eu sou o adulto.
Mãe para de correr, ela já conseguiu o que queria, eu corro agora mãe, corro por nós dois.
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